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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Casa Na Montanha

Leoni - A Casa Na Montanha
Eu fiz bem lá no alto da montanha/Mais alta, mais distante das cidades/A casa-esconderijo das saudades./Pensei: nenhum problema mais me alcança./Nem cartas, nem notícias, nem desgraças,/Nem dívidas, nem falsas amizades/Vão ter nem ousadia, nem vontade/De vir me ver. já nada me ameaça./Mas, eu só percebi quando era tarde/Depois que eu acionei os meus alarmes,/Depois de por a tranca no portão,/Que eu me tranquei sozinho com o inimigo/Que vai passar a vida aqui comigo/Vivendo do meu medo e solidão.

Não precisamos, não podemos e não adianta se esconder dos problemas e dos perigos!Mas não confundamos esconder-se, de esquivar-se.Ao invés dos problemas deixarem as pessoas enfraquecidas, eles acabam (ou deveriam acabar) fazendo fortalecê-las!Sim!Enfrentamos os problemas, tornemo-nos fortes!Não adianta trancar-se, confinar-se, fazendo isso, fica mais perto do inimigo, e isso não garante maior facilidade na solução dos problemas!Acho que ninguém quer se trancar com um monstro chamado “aporrinhação", não?Então, respiremos o ar puro da rua, sejamos livres!Livres pra combater os problemas com espaço, com afastamento, por que não, o afastamento não garante dificuldade na solução dos problemas...Enfim, vivemos. Nos "ocupamos" e não "preocupamos"!


Diego Sandins.
Semana que vem, dia 02/11: "Numa destas noites, Paulo Roberto e seus amigos se instalaram num boteco novo, de cujo dono ainda não conheciam. Resolveram experimentar..." NOITE NO BOTEQUIM, de Bruno Dutra.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rogando Entre Nós

Por que nós nascemos? Por que tantas pessoas são diferentes? Por que umas pessoas nascem privilegiadas e outras não? Por que a Revolução Francesa não serviu de nada? Por que pessoas acham que vão para o céu por ajudar os que precisam? Por que outras pessoas acreditam ser escolhidas por Deus? Por que precisamos crer em Deus? Por que debochamos da ingenuidade alemã diante da filosofia nazista e continuamos a crer religiosamente na Globo? Ou na Veja? Ou na Record? Ou no Silvio Santos? Ou em Marx? Ou no que nós escrevemos aqui? Por que precisamos de um amor? Por que precisamos dar amor? Por que o Collor foi eleito... e reeleito? Por que as pessoas vivem? Por que acreditamos em respostas sem sentido? Por que não há sentido? Por que nos achamos racionais? Por que comemoramos um gol? Por que eu sou vascaíno se meu pai era botafoguense... e minha mãe tricolor? Por que os velhos só agora reclamam? Por que os novos não quase sempre obedecem? Por que eles têm juízo? Por que não temos paz mundial? Por que só mulheres venezuelanas se preocupam com isso? Por que mandamos militares ao Haiti? Por que eles acreditam no nosso altruísmo? Por que nós acreditamos que somos altruístas? Por “quem” os militares morrem? Por que achamos que basta bater palmas? Por que os carros poluem? Por que os carros são caros? Por que há milhares explorados pelas produtoras de automóveis? Por que eu quero comprar um carro? Por que as prostitutas alugam seu corpo? Por que achamos imoral? Por que eu quero transar com elas? Por que você me criticou automaticamente quando leu isso? Por que somos hipócritas? Por que temos que agradar? Por que temos medo? Por que causamos medo? Por que não há respostas? Por que há tantas perguntas? Por que eu envelheço e fico experiente? Por que não há experiência quando há energia e tempo para usá-la? Por que minhas experiências não valem de nada? Por que deveriam valer se vou morrer? Por que ainda erro? Por que há o certo? Por que você não se preocupa comigo? Por que não nos conhecemos? Por que você vai morrer? Por que devemos fazer coisas boas? Por que precisamos aceitar verdades? Por que devemos crer no inferno para sermos bons? Por que não podemos ser bons? Por que não podemos ser maus? Por que meu time tá na segunda divisão? Por que o Dunga é técnico da seleção? Por que isso me preocupa? Por que me desviam a atenção? Por que deixo desviarem minha atenção? Por que eu tenho preguiça para trabalhar? Por que eu não recebo um salário justo? Por que me dizem que devo agradecer por ter um emprego? Por que devo rezar e agradecer por ser explorado? Por que eu creio que alguém me escuta? Por que Deus apontou para o Romário e o encheu de dívidas? Por que nada é nossa culpa? Por que os assassinos (e os pastores) culpam o diabo? Por que pessoas acreditam nele (no assassino)? Por que pessoas acreditam nele (no diabo)? Por que pessoas acreditam nele (no pastor)? Por que os norte-americanos podem lançar bombas no Oriente? Por que o Obama não pode olhar pra bunda de uma brasileira? Por que dizem que a bomba de fusão é a melhor arma? Por que a Bíblia foi democratizada? Por que não a proibiram em Genebra? Por que o homem quer fazer o que der na telha? Por que achamos que isso é que é ser livre? Por que há tantos conceitos? Por que não acreditamos em nós? Por que temos medo de nós? Por que votamos para pessoas como nós dizerem o que devemos fazer? Por que alopramos quando somos revistados pela polícia? Por que a chamamos quando queremos que alguém seja revistado? Por que está cansado? Por que não descansa? Por que eu e meus amigos acreditamos na diferença que podemos fazer nesse blog? Por que eu quero fazer a diferença? Por que então já fui chamado de niilista? Por que não desliga o computador e vai dormir?

Ulisses Figueiredo.
Próxima segunda, dia 26/10: "Não adianta trancar-se, confinar-se. Fazendo isso, fica mais perto do inimigo, e isso não garante maior facilidade na solução dos problemas!" A CASA NA MONTANHA, de Diego Sandins.

domingo, 18 de outubro de 2009

Abrir a Felicidade? (parte final)

Confesso que fico feliz quando abro uma Coca-cola com garrafa de vidro. Há estudos sobre o papel das marcas no mundo contemporâneo e seu papel na felicidade das pessoas que confirmam o que eu estou falando, o que não faz de mim um louco varrido por me contentar com uma coisa tão pequena como abrir uma Coca-cola. Sou apenas mais uma vítima do mercado mundial. Há muitas coisas bem baratas que me trazem contentamento psicológico – que é o único contentamento que existe –, como abrir uma Coca-cola, alugar um filme na locadora, comprar um CD e ouvir as músicas que estão nele, comprar um livro e ler o que nele está escrito, sabendo inconscientemente de antemão o conteúdo, pois muito do que se lê nos livros já se sabe. Quase sempre assim: comprar, comprar, comprar. Mas como eu faço para comprar as felicidades mais caras – aquelas que só as pessoas da parte de cima da pirâmide social podem comprar... O sol nasce para todos? Tá legal. Alguém hoje em sã consciência realmente se satisfaz com essa informação, de que o sol nasce para todos? Entramos então naquelas velhas novas anedotas: “O que você prefere? Aproveitar esse sol que nasce pra todos, de pés descalços com uma enxada nas mãos, longe da sombra num sertão sem nuvens, ou ainda na sombra quente e insalubre de uma fábrica, fazendo hora extra, ou preferiria olhar para esse sol com óculos escuros de dentro de uma Mercedes Benz conversível, com uma bela e despreocupada mulher ao seu lado numa estrada paradisíaca?”.
Seria a Coca-cola um deus? Sei lá. De qualquer forma, Deus abençoe a Coca-cola! A felicidade vinda desta bela garrafa com seu belo rótulo vermelho, me custa apenas duas moedas. Quanto ao feio líquido negro que vem dela, que mais lembra suco de petróleo ou de cocô? Ah, isso é o que menos importa. E quando Ele, Deus, puder dar uma olhadinha nos trabalhadores rurais, operários e todos os pobres compradores de aparelhos de TV e de garrafas de Coca-cola... Que não falte comida barata, diversão barata e arte barata aos pobres do mundo.
Tudo o que eu escrevi nos parágrafos anteriores está impregnado de ironia e tristeza, isso parece claro. Houve, porém, um intervalo entre o tempo em que eu os escrevia e o instante imediatamente atual, este aqui. Não fui assistir TV. Mas fui tomar um banho em chuveiro quente – uma dessas maravilhosas invenções que só puderam ser disponibilizadas a todos, graças ao nascimento e desenvolvimento da burguesia capitalista industrial. Botei uma confortável blusa de lã, meu jeans, meus velhos tênis adidas, e fui até o meu quintal, de onde vislumbrei as discretas montanhas do meu bairro com suas casas, do outro lado da ferrovia. Olhei pra minha garagem, pro meu carrinho velho e tosco, mas, no fundo, simpático e funcional, e pensei se eu precisaria mesmo de um Mercedes. Voltei do quintal mais animado. Minha doce e atenciosa esposa – uma mulher boa, porque é, entre vários atributos, uma boa lutadora – passa álcool no telefone. Puxa vida... Chuveiro, ferrovia, telefone... este computador aqui... tudo isto advém do tal capitalismo industrial. Talvez eu ame o capitalismo mais do que presuma. Esse amor pode trazer na bagagem toda essa minha carga de ódio. Amor e ódio são irmãos em luta. Quem afinal não gosta disso tudo que nos rodeia? Quem não gosta da TV? Bobagem. Todos gostam, ainda que alguns não admitam ou não saibam. E todos gostam da idéia do grande e delicioso bolo – aquele quase mítico bolo que deve crescer pra depois ser distribuído. Eu queria apenas que o bolo fosse mais igualitariamente dividido. Eu queria uma fatia maior para mim e os meus. Uma fatia mais justa e mais irmã para todos. Mas, enquanto o bolo não chega... Vamos trabalhando e vivendo o prazer das “pequenas coisas”. E, pieguice ou não, o sol nasce pra todos, sim. Abrir a janela e ver a luz do sol é, na verdade, abrir a felicidade. E nada contra a minha querida Coca-cola. Até porque não posso contra ela.
Luciano Fortunato.
Próxima segunda, dia 19/10: "Por que as prostitutas alugam seu corpo? Por que achamos imoral? Por que eu quero transar com elas? Por que..." ROGANDO ENTRE NÓS", de Ulisses Figueiredo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Abrir a Felicidade? (parte II)

Estou aqui. Tentando me distrair com arte e afins. Tentando extrair um mínimo de satisfação da arte. Música e artes visuais. São elas, as artes pop, a minha religião, onde me refugio tentando satisfazer meu não-sei-o-que. Satisfação. Alguém, em algum dia, provavelmente uma bactéria, inventou que satisfação é o que de fato importa na vida. A luta por satisfação pode ser vista no comportamento de qualquer inseto, planta ou micróbio. E de lá pra cá – desde as bactérias primordiais – isso é tudo o que buscamos. Satisfação pode ter como sinônimo a palavra felicidade. Antigamente, que eu me lembre, o slogan da Coca-cola era um simples “Coca-cola é isso aí”. Como é que alguém conseguia vender um produto dizendo sobre ele apenas “... é isso aí”? “É isso aí” pode ser, na verdade, a expressão máxima irredutível da afirmação do ser. Era eu um menino, e no dia em que eu ganhei uma camisa da Coca-cola, numa tampinha premiada, pensei, sem ter feito a formulação em si, mas pensei: “eu sou”. Nada mal o trabalho daqueles marqueteiros. Depois vieram outras frases ainda bem interessantes como a recente “Viva o lado Coca-cola da vida”. Mas nada supera e consegue ser mais pesado e contundente que o novo slogan. E eles pegaram bem pesado desta vez: “Abra a felicidade”. “Abra a felicidade”, este é o novo slogan da multinacional. Num mundo que busca a felicidade como algo a ser conquistado imediatamente – uma felicidade fast food – nada poderia ser mais oportuno que essa nova campanha. A felicidade nunca esteve tão barata: o preço de uma Coca-cola. São os truques, os mecanismos do capitalismo para multiplicar seus ganhos e manter o povo anestesiado. É um grande barato. Há muitas coisas baratas. Somos idiotas felizes com uma bebida barata, e todos os tipos de felicidade forjada e barata, como um crediário a perder de vista para comprar uma nova TV, e assim poder ver nela, em bom vermelho, o rótulo do refrigerante. A felicidade que vem da TV às vezes é mesmo muito barata, como esta coisa, essa possibilidade de extraí-la de dentro de uma garrafa como se uma lâmpada maravilhosa fosse. Porém o eterno e aparentemente imortal americam way of life trazido pela televisão não é tão barato assim. Há um vasto repertório de sonhos pré-fabricados que não saem nada barato para os pobres do mundo. Há muitos sonhos caríssimos. Sonhos impossíveis. Sonhos que eram inconcebíveis antes do advento da comunicação de massa. Sonhos que eram insonháveis e que agora habitam nossas almas. Burguesia e plebe sonham juntos os mesmos sonhos, porém só a primeira tem poder para realizá-los a contento, transformando-os em, mais do que sonhos, projetos de vida.
(Última parte em 2 dias...)
Luciano Fortunato.
Próxima segunda, dia 19/10: "Por que as prostitutas alugam seu corpo? Por que achamos imoral? Por que eu quero transar com elas? Por que..." ROGANDO ENTRE NÓS", de Ulisses Figueiredo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Abrir a Felicidade? (parte I)

Estou aqui. E estar aqui é doce e amargo. Pronto. Lá vem um desses cronistas depressivos pra baixar ainda mais o astral nesse invernozinho gripado e pouco contente do Rio de Janeiro, pensarão. Realmente, o que estou matutando pras próximas linhas tem contra-indicações, e é mais dor que sorriso. Se “a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes”, como cantou de forma provocante Humberto Gessinger, eu não sei. Assim como não sei de muita coisa. Só sei que estou mergulhado numa das minhas confusões de existir. Amargo, tentando não perder o que me resta de doçura.Tenho, no decorrer da minha vida, aprendido a apreciar o amargo e também a me enjoar fácil do que é doce. Estou aqui nesta vida e neste mundo, e minha cabeça não mais vive tanto em outros mundos. O meu “algo além” não ultrapassa mais a estratosfera. Hoje pouco penso em astronomia, na organização dos astros – não que isso não mais me importe em definitivo. Os meus predadores, eles fazem-me ficar mais pra caverna do que pra céu. Quem são os meus predadores? São aqueles mesmos que me deram a vida e me ensinaram sobre a vida: os atores sociais. A sociedade é o deus dos deuses. Ela é quem nos faz ser e deixar de ser. Ela é quem nos ensina tudo o que sabemos e nos faz desaprender o essencial. Ela é quem nos torna confortáveis, “sociáveis”, e, ao mesmo tempo, nos deixa sem jeito, sem graça, com mal estar de ser. Ela e seus dogmas morais impossíveis de serem cumpridos com gosto. Ser imoral é estar vivo. E ser vivo é sofrer sanções de variada sorte.
Eu nunca tive paraíso, nem hipotético. Eu nunca acreditei em céu. E também nunca cri em inferno. E também nunca cri em formas absolutas de bem viver. Me fizeram pensar que eu pudesse acreditar nessas coisas. Creio que, na verdade, nunca acreditei em nada. Acho que eu fingi durante muito tempo – pra mim mesmo – acreditar. Mas isso já faz alguns anos.
Resta-me então agora olhar para o micro. A vida pequena e funcional. A cozinha, a sala, a cria, a companheira, os amigos, o umbigo: estas são as coisas às quais devo me ater. Verdade absoluta? Deus? Satanás? Espíritos? Big Bang? Galáxias? Creio que já gastei tempo demais com isso tudo. E, no entanto agora, o que entra no lugar de Deus e das Galáxias? O dinheiro? Não. Deus saiu e o dinheiro não entrou. Isso me deixou vazio de tudo, cheio de questões e formulações incompletas, que são como vapor de éter. Não guardo comigo as coisas que mais protegem um homem, são estas dinheiro e Deus. Sinto-me então às vezes como um pequeno homem solitário num pequeno barco, num grande mar, à mercê do tempo. Meus braços até têm alguma força para remar, mas a terra firme está longe demais. Minha vida é incontinência. Cansaço em descansos compulsórios.
(Este texto terá a continuação em 2 dias...)

Luciano Fortunato.
Próxima segunda, dia 19/10: "Por que as prostitutas alugam seu corpo? Por que achamos imoral? Por que eu quero transar com elas? Por que..." ROGANDO ENTRE NÓS", de Ulisses Figueiredo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Meu Coração Anda Pensando Agora

Meu coração anda pensando agora, ele sai da minha cabeça e não da minha caixa torácica. Quero celebrar guerras novas, torturas novas, amores novos, novas torres caindo, novos deuses sendo derrubados, bigodes aparados com outras navalhas e outras navalhas na carne, quero novas doenças para desafiar as velhas curas, novos desastres, a natureza se vingando de outras maneiras, novas espécies de flores, novas crianças em novos parquinhos, novos ungüentos, nova educação, novas tecnologias e preços de passagens aéreas sem queimas... nem de estoque, nem de gente. Gostaria de supor que na manhã depois da trepada e do sono, às vezes ele vinha e me abraçava com seu hálito prolixo num meio de noite, gostaria de supor que não estivéssemos tão absorvidos pelo torpor do desconhecimento daqueles nossos corpos, mas que isso não importava porque nos encaixamos perfeitamente e isso não era compromisso, era só questão de carne boa pra comer, cabeça boa para que eu ficasse tão desconcertantemente amedrontada e feliz de ficar quieta e apenas olhando a profusão das palavras e gestos leves, como as mãos, os dedos gélidos e macios, sabonete que livra impurezas, mas conserva o cheiro do fumo califórnia, bastava isso e outra xícara de café pronto em pó que ele deveria arriscar fazer melhor. Quero novos lugares descobertos nesse e noutro mundo, novos teatros, novas rugas e tenho que lidar com as velhas, novas estrias em novas fotografias, novas partes do meu corpo em pedaços inimaginavelmente mostrados pra você, novas drogas em novos chás e em novas fumaças e porque não, debaixo de novas línguas?, quero a morte de Caetano e Gil, de Sandy e Junior, de Jose Saramago e quero Cem Anos de Solidão para quem não conseguir decifrar seus próprios pergaminhos. A musica do André tamborilando no cara já suado as seis da manha no final da linha do trem, seus dedos calejados e firmes, na boca da dona de casa sonhadora e da novinha que só vai no show dele porque ele é um gatinho, a direção de Ticiano em diversas línguas, porque é um homem milenar, aprendedor e sábio, do mondo e de seus redemoinhos e sibilações, quero minha bailarina sílfide dançando em cima de todos os rios, pontes e overdrives empunhando sua sobrancelha no céu e se curvando diante da sabedoria das lanças, nas quais também nos curvamos todos. Meu coração anda pensando agora, quero ter muitos olhos e muitos filhos, novos olhos e novos filhos, mergulhar em novos mares, sem me esquecer que aprendi a nadar no velho. Quero que esse texto não se pareça com a musica que Elis cantou, querendo uma casa no campo, porque eu quero a paulista e novos dreads em parceria com olhos azuis que talvez amanhã já me apagaram de seu mundo boniot y extrovertiod. Tudo pode até ser reciclado, desde que seja parido com a verdade das coisas secretas e verdadeiras de indícios de que ali jaz o morto e da bosta nasceram flores. No casamento do novo o velho se faz uma concubina necessária e diária para martelar em dedos vadios e deselegantes a promessa de deitar naquela rede de moleza uma alma-de-púcaro.
Levanta-te e anda.


Danielle Ribeiro.
Próxima semana, dia 12/10:"Deus saiu e o dinheiro não entrou. Isso me deixou vazio de tudo, cheio de questões e formulações incompletas, que são como vapor de éter." ABRIR A FELICIDADE?. De Luciano Fortunato.