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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Jura???

Mentiras do Brasil - Gabriel Pensador - Composição: Gabriel O Pensador

Era uma vez duas criancinhas/Um mundo do faz de conta era onde eles viviam/Seus nomes eram José e Maria/E verde e amarelo era a bandeira que vestiam/Queriam viver com felicidade mas pra isso era preciso saber sempre a verdade/Os adultos hipócritas provocavam sua ira/Pois quem é puro não gosta de conviver com a mentira/Mas Zezinho e Maria eram puros porém sabidos/Deixavam tapados um dos lados de seus ouvidos/Pra não entrar por aqui e sair por ali/O que escutavam e achavam importante refletirE na TV as histórias que os adultos contavam/Eles gostavam de ver/Mas nem sempre acreditavam/Se revoltavam vendo coisas que até cego já viu/E resolveram fazer uma lista com.../As maiores mentiras do Brasil/Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!)/As maiores mentiras do Brasil/Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!)/E uma mentira absurda encabeçava o rol:Deus é brasileiro... (Só se for no futebol!)/Certas frases conhecidas são mentiras e ninguém nega(por exemplo?) "A justiça é cega!"/Quem prega isso é canalha (psh! Não espalha)/Porque aqui a justiça tarda... E falha!/E o Zezinho gargalha com outra mentira boçal(qual?) /"O brasileiro é cordial" aha!/Mas que gracinha, imagina se não fosse!/Se o brasileiro é amável, Adolf Hitler é um doce/Porque a lei de Gérson é o nosso evangelho/Todos querem se dar bem e não se respeita nem os velhos/Dizem também que o pobre é malandro/Mas o povão tá só ralando e quem tá armando são os grandes empresários e empreiteiros/Mas até hoje só prenderam o PC e os bicheiros/No país da impunidade tudo é contraditório/Deixam o resto em liberdade em troca de um simples bode expiatório/Que situação patética/É real ou ilusório o processo de restauração da ética?/Será que é boato? /Zezinho e Maria perguntavam/E enquanto isso anotavam.../Mentira tem perna curta e se desmente facilmente/Zezinho estava em frente a uma loura linda e inteligente/E tem gente que diz que toda mulher bonita é burra/Quem acredita merece uma surra/Dizem que o bebê vem da cegonha/E que cresce pelo mão se bater uma bronha/Mas o pequeno Zé não acreditava/E se crescesse ele raspava/A lista de mentiras aumentava:Comunista come criancinha, /Aids é doença de gay"Mentira!" (seu comunista, bota camisinha!)/Mariazinha ficou mocinha e descobriu que era caô/Que só existia sexo com amor/Aprendeu a falar inglês e viu que não é só filme brasileiro que tem muito palavrão/Pois foi no cinema e ouviu tudo o que eles cortam na legenda e na dublagem da televisão/Queriam as verdades sem cortes/Queria liberdade/Queriam independência ou morte/Perguntaram ao fantasma de Cabral a história real entre Brasil e Portugal:/"Não foi sem querer que descobrimos vosso país/Nós portugueses não somos burros como se diz!"/Outra piada que não era nada séria era que a seca do Nordeste era a culpada da miséria/Desculpa esfarrapada puro blá, blá, blá.../Pois se os políticos quisessem eles faziam o sertão virar mar!/Tem também a lenda eterna da falta de verbas/As moscas mudam mas é sempre a mesma merda.../E a lista continua sem parar/Com mentiras que o Pinóquio teria vergonha de contar/Diziam que o Brasil é o país do futuro/Mas eles viram que o melhor era viver o presente/Zezinho e Maria decidiram mostrar pra todo mundo que é mentira que o Brasil não vai pra frente!/Eram crianças/Tinham muita esperança/Mas não queriam esperar pois quem espera nunca alcança/Acharam nojento todo aquele fingimento/E começaram a ficar violentos(O brasileiro tá cansado de ser enganadoD/aqui pra frente os mentirosos serão enforcados)/E começaram assim uma revolução/Controlaram todos os meios de comunicação/E revelaram sua lista com as milhões de mentiras/Que atrasavam a ordem e o progresso da nação/tinham uma saída pro país/Acabar com as mentiras pela raiz/E como toda revolução deixa cicatriz/O sangue jorrou feito um chafariz/Foi uma vitória do povo e no final da conquista/Zezinho e Maria puseram fogo na lista das.../E ao voltarem pra casa encontraram seu pai emocionado por tudo que eles tinham aprontado/Uma nova era tinha começado e não era à toa que os olhos do coroa estavam encharcados/Uma lágrima desceu e Zezinho percebeu que descobria mais uma mentira nessa hora.../Homem também chora.

Para começar bem, vou falar da coisa mais pura do Mundo.( e eu não to falando da Sandy e sua pseudo-virgindade) Parece elementar, mas vai ser preciso lembrar. Vivemos numa realidade, correto?Pois bem... se é real, é porque existe, não tem espaço pra nada além disso. Não há espaço para mentiras!Sim.. estou falando sobre a Verdade!Dizem que a mentira tem perna curta, mas muito sedutoras... concordo. Mas pela mesma razão de ter pernas curtas... é mais facilmente apanhada, aliás.. sempre apanhada.E eu lá quero saber de algo que já rodou nas mãos (ou melhor, na boca) de todo mundo? Sinceramente (literalmente falando), isso não é pra mim.Se quiser insistir nesse "antônimo de Ana Hickmann” (ou daqueles ambulantes de perna-de-pau que carregam aquela placa) compro ouro") tudo bem, pode continuar mentindo... mas , nesse script criado, tudo de bom (acho difícil) que você conseguir não vai pra você, e sim pro seu personagem.. algo que não existe!" ah... uma mentirinha não faz mal"... MENTIRA!" ah... mas eu menti pra fazer ela( e) feliz" ENGANAÇÃOMentir, além de ser um péssimo hábito, ainda é um esforço desnecessário e perda de capacidade intelectual..Dizer a verdade é tão mais fácil.. tão mais simples... tão mais " sem culpa"... vai malhar, ou então ler um livro!Lá vocês vão encontrar algumas mentiras que ficarão presas numa realidade só delas e serão inofensivas ( porque não estão no âmbito da realidade).Imagina... os personagens de romance, os tiras e criminosos de um livro policial, os monstros, duendes e fadas de uma fantasia de 1000 ou mais folhas.Sobre malhar... tomara que quando você falou: “ eu vou malhar mais e vou parar de comer besteiras" não seja uma mentira, afinal, se for mentira, o maior( e único) prejudicado será você mesmo.Cuidado com as frases que tentam te levar à generalização." Filho de peixe, peixinho é", "tudo vem a seu tempo", " homem não presta", " mulher é tudo interesseira"... MENTIRA!! isso não passa de mito. E eu não gosto de mito, não minto.O que aceito é que tenha tendência de algumas coisas serem mais de um jeito que de outro... mas pra que generalizar?? isso é errado, se é errado... deve ser vizinho da mentira!Se eu falar que concordo com tudo que o Gabriel o Pensador disse na musica também seria uma mentira, mas eu não minto.Eu acho que o brasileiro, em sua maioria seja cordial, e nunca, em hipótese alguma, acharia o Hitler um doce. Por mais que Gabriel o pensador tenha usado figuras de linguagem, figuras de linguagem têm de ser usadas com cuidado, porque levam à irrealidade, logo, à mentira.E aquilo que você tomou como sendo um sonho, se tornará verdade.. aquilo que te disseram ser impossível, você vai descobrir que não passa de uma grande mentira!É... é verdade!

Diego Sandins.
Próxima segunda, dia 03/05: "O foco da grande questão está nessa necessidade por identidade. Principalmente pela identidade de quem foi e é historicamente excluído." PRINCÍPIO HUMANO DE IGUALDADE de Bruno Dutra.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Não Podia Ser Melhor

Às vezes andamos cabisbaixos... desanimados... reclamões da vida... Estive refletindo bastante sobre o mundo que temos e percebi que não há motivos pra ficarmos reclamando. O mundo é maravilhoso!!!! Reparem comigo: quando estamos inconformados com as injustiças diárias, com a violência, com pais que maltratam filhos, filhos que maltratam os pais, com o poder paralelo – e o poder não-paralelo - e etc., sempre surge algo para que possamos descarregar todo nosso senso moral e nos aliviar, fazendo-nos bem pela justiça ter acontecido. A última dessas foi o julgamento dos Nardoni... pessoas foram às ruas com cartazes... as escolas utilizaram o caso como exemplo... fogos foram atirados quando o casal foi declarado culpado. As pessoas se sentiram bem. Eu acho que devo agradecer à Rede Globo e outros canais que exaltaram tanto o acontecimento nessa família – de classe alta, diga-se de passagem – que pude me sentir bem com seu julgamento. Parece até que eliminei todos os pais que maltratam seus filhos... Deus abençoe a mídia pelo bem que me fizeram. E quando eu fico injuriado por tanta desordem social... pessoas ignorantes... falta de respeito com os outros... com idosos... com mulheres... Muitas vezes minha vontade é de sair por aí metralhando geral. Mas como não posso, mais uma vez a Globo (principalmente) e outros canais salvam minha alma com esses programas no estilo Big Brother Brasil. Cara... isso é uma maravilha!!! Eu posso eliminar pessoas de quem não gosto... ser juiz e júri ao mesmo tempo e impedi-las de ganhar o prêmio que tanto querem. Ah se a vida real fosse assim... mas enfim, mais uma vez a Globo (ou a Record) me salva e me sinto maravilhosamente bem quando um desconhecido torna-se um milionário. Talvez mais por ter evitado que os outros ganhassem...
E meu emprego? Meu salário??? Olha... se eu falar que tô satisfeito, estarei mentindo pra você. Na verdade, 99% da população mentiria nesses assuntos. Mais uma vez minha vontade é de reclamar, fazer protestos, explodir bombas ou me explodir com bombas quando penso que sou explorado feito escravo e que mais da metade do meu tempo de serviço é feito de graça gerando o lucro do meu chefe... Mas é só eu entrar numa igreja que tudo fica bem. Escutar palavras consoladoras que dizem existir um mundo justo depois de nossa morte... que nele só entrarão os pobres (eu, no caso)... me dá um alívio desgraçado. Olha só... eu podia estar por aí me revoltando... militando... montando blogs reflexivos idiotas... e tudo só pra tentar melhorar um mundo que nunca será justo, porque o homem não é perfeito e devemos ser merecedores da “Cidade de Deus”. Não a “nossa” CdD... aliás, uma grande ironia. Melhor eu rezar e tentar me salvar... sozinho... que se fodam os outros que vivem aqui. Ah... me sinto bem melhor. Ia dar muito trabalho fazer tudo isso...
Mas o melhor de tudo nesse mundo é a instituição familiar. Se eu penso em fazer algo que poderia levar a maioria das pessoas a me discriminarem... ou me levar à prisão... ou me levar ao inferno... ou me levar à felicidade, lá está sua moral pra me controlar. Pra mim, não há nada pior que envergonhar meus pais. Logo, nem penso em roubar... em trair... ficar à toa... em desacreditar em Deus ou fumar um baseado. E é claro que estão me ajudando!!! Se eu roubar – explorar empregados se encaixa? – vou preso; se trair, perco minha namorada; se fico sem fazer nada, fico sem grana; se for descrente, vou pro inferno. Se der um tapa... bom... devo ir pro inferno também. Graças à moral e aos bons costumes é que sobrevivo. Na verdade, graças a todas essas maravilhosas coisas da vida é que SOBREvivo. Porque viver de verdade...............


Ulisses Figueiredo.
Próxima semana, dia 26/04: "Vivemos numa realidade, correto?Pois bem... se é real, é porque existe, não tem espaço pra nada além disso. Não há espaço para mentiras!" JURA??? de Diego Sandins.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Recapitulando A Grande Estrada E O Palhaço Da Caixa

“(...) Eu estava curtindo uma temporada fantástica e o mundo inteiro se abria à minha frente porque eu não tinha sonhos.” (On The Road, página 314, Jack Kerouak)

Eu havia dito a mim mesmo que não publicaria nada durante estas férias, mas cá estou eu mais uma vez quebrando pequenas promessas. Verdadeiramente, eu não me lembro de ter feito promessa alguma a esse respeito. Nas minhas orelhas agora o som do Radiohead. Vejo o som do Radiohead como uma síntese de toda a música que já foi produzida na América (do norte). Como tenho quase zero de inglês, em face da minha amiga de longa data preguiça, eu consigo penetrar na música, instrumentos, voz, sem a preocupação com a significância as palavras. O CD que estou ouvindo é o Amnesiac, e, embora eu não entenda as letras acho que eles não estão me mandando tomar no cu – mas, também, se estiverem... Esta terá sido a forma mais elegante e artisticamente bela de se xingar alguém. O som é melancólico: ao extremo. É tão melancólico que traz uma alegria de ressurreição dentro de si. O último disco deles, In Rainbows, também é excelente.
Neste exato momento o sol ultrapassa minha varanda e vem entrando pela janela de madeira que já está aberta, como bom convidado, em meu quarto. O meu quarto? Ele é o reduto de um “poeta beat” sem estrada. É engraçado como imagino eu saber tanta coisa de estrada tendo tão pouco caído nela. A minha estrada sempre veio dos livros e filmes. A grande “estrada aberta” de Whitman é tão aberta que acaba podendo abrir-se pra dentro: mesmo pra dentro de quatro paredes ou pra dentro da tela de um televisor. Quando Walt Whitman escreveu seus poemas não existia televisão e o cinema era ainda incipiente. Portanto, se dissessem a ele que um homem no século vinte e um pegaria a estrada sem sair de casa ele riria-se. Mas é claro que eu sei que se os escritores beats vivessem na estrada “de fato” – de asfalto –, eles não arranjariam tempo pra escrever tanta coisa: Kerrouak, por exemplo, acho que escreveu vinte e três livros.
Não me sinto um bitolado em coisas virtuais – como estradas virtuais, já que é disso que tenho falado. Acho que apenas sou malandro e pego as estradas que me são possíveis. Um dia contei, de improviso, numa mesa de bar, uma parábola para um amigo. Falei pra ele que sou como um palhaço dentro de uma caixa. O palhaço tem uma mola forte o suficiente para arrombar a tampa da caixa e sair. Mas por algum motivo ele não o faz. O que ele faz? Faz furos na caixa de papelão e fica olhando lá fora. O meu amigo ficou espantado: “que imagem mais triste...”, disse ele. Ele estava certo. É mesmo uma imagem triste. É a imagem de uma prisão. Mas penso: os prisioneiros, numa prisão de verdade... Eles não podem ser felizes? Claro que podem. E sei que muitos o são. Cada pessoa é feliz à sua maneira e inventa a sua felicidade. Há inúmeros casos de presidiários que quando libertos não puderam “ser felizes”. Ou seja, não puderam contemplar a plenitude esperada com a abertura dos portões. Graciliano Ramos esteve preso e, quando liberto, disse, em entrevista, que não fazia muita diferença, como se sempre tivera sido livre e prisioneiro – só muda o ambiente.
Tenho quarenta anos e minha estrada me espera. Ele pode estar na estrada (a estrada da estrada), pode estar em minha casa, num compartilhar com pessoas queridas, num aprender, num novo sentir, num novo captar, num recapitular – e voltar também é importante, pois somos construídos de passado surpreendentemente vivo –, num novo livro, num novo filme, numa nova canção, ou, até mesmo, num velho automóvel, porque não? A propósito: é o palhaço quem abre a tampa da caixa ou é uma pessoa quem deve abri-la? Ah... Pensei agora que as pessoas sempre se assustam com o palhaço... Só que, para a “sorte” de todos, o palhaço, que tem uma potente mola, não tem asas.


Luciano Fortunato.
Próxima semana, dia 19/04: "Se eu penso em fazer algo que poderia levar a maioria das pessoas a me discriminarem... ou me levar à prisão... ou me levar ao inferno... ou me levar à felicidade, lá está sua moral pra me controlar." NÃO PODIA SER MELHOR, de Ulisses Figueiredo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

É Cedo Ainda Pra Escrever Sobre Bichos?

É cedo ainda pra escrever sobre bichos? De repente vale mais a pena começar a desenhar como se fosse a primeira vez que esse bicho tivesse sido avistado, mapear como ele se comporta como ele olha e pra onde ele olha, como se alimenta e como se coça, se seus dedos são macios como seu olhar e se seu olhar é realmente macio como eu ando vendo. Até onde vai a inteligência desse bicho em me deixar achar que ele não sabe que eu estou observando ele de algum lugar, ver crescerem seus pelos e ver baixarem seus pelos e pensar tremendo a carne em como será tocar andando o seu dorso? Pode-se começar com o desenho, a lembrança de como é quando a gente ainda não sabe como é ou então inventar o corpo que mais me agrada naquele bicho, sentindo um profundo medo de ele me ver como outro bicho duma espécie completamente diferente da dele e não sei não reconhecer, não querer ao menos conhecer. Que coisa, estou sempre me entregando, o cachorro que faz merda e fica sorrindo pra tomar um esporro do dono porque a desculpa dele é de que deus gosta dos bichinhos fofos, mal sabe ele que Clarice Lispector gosta dos búfalos. Também prefiro búfalos.
Melhor decapitar esse texto aqui.
Vou tomar café na lua com Caetano Veloso


Danielle Ribeiro.
Próxima semana, dia 12/04: "O meu quarto? Ele é o reduto de um “poeta beat” sem estrada. É engraçado como imagino eu saber tanta coisa de estrada tendo tão pouco caído nela." RECAPITULANDO A GRANDE ESTRADA E O PALHAÇO DA CAIXA, de Luciano Fortunato.