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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Eu Quero Que Todo Mundo Vá Tomar No Cu!

Meu antigo corpo está pedindo separação total de bens desse corpo novo que vem tomando conta de mim. Ele só quer se desvencilhar desse novo hospedeiro cheio de frescor e petulancia que se apoderou dos domínios da incerteza margeados por esse limbo de insegurança. O velho até que tentou comungar com o novo, tentou enxergar as novas aprendizagens, os novos prazeres, os novos medos também, mas fraquejou e começou a se arrebentar. Essas estrias que delimitam meu corpo, em ombros, barriga, glúteos e seios parecem ser o reflexo do velho no novo, o já gasto, o já escrito, o já acostumado a chinelos de pano e manhãs fúnebres de domingo. Meu antigo corpo quer se matar, ele já não aguenta mais a vontade de ser livre desse novo corpo, esse delírio adolescente de não ter pudores e se mostrar sim, afinal é apenas mais um corpo... e inteiro, por centelha divina ou asiática.Meu novo corpo é uma amante traída, uma viúva vingativa, uma garotinha egoísta e quer inteiramente se apossar do velho corpo. Ele vai matá-lo de tanto tesão, cavalgar com ancas largas e sorrisos libidinosos até que o corpo velho sorria para a morte que ele tanto deseja E PRECISA. Ele não concebe mais o fato da tristeza, da não crença, da vergonha, das projeções infelizes dos projetos vividos e não paridos, estarem nesse mesmo vôo de balão. ELE NÃO VAI DEIXAR.ele vai matá-lo em dedos novos nos terminais antigos de prazer só pra deixar o corpo velho ao som da pequena morte. Do gozo.

Danielle Ribeiro.
Na próxima semana estaremos publicando dois textos do nosso blog amigo Revista ContemporARTES.

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