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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Oi Querido

Oi querido, então, eu olhei pra trás e não vi você hoje, resolvi te escrever porque talvez você sinta isso que eu estou anunciando e tudo fique menos rarefeito entre nós. Eu olhei como disse, e não mais vi você, resolvi experimentar que você se perca, que você se encaixe nas lembranças boas e que você se perca na leveza, quase que secretamente como as boas coisas que perpassam por entre as carnes. Você é tão bonito, gosto tanto de você, me treme o eixo saber que você tá por aí passeando por essa mesma vida que eu e a gente inclusive se esbarrou no meio de tanto barco furado, de tanta maré remada ao contrário, tanta ilha desabitada de corpos que a constituem. Eu vi que por sua causa eu comecei a escrever mais textos, só que aí eu comecei a escrever especificidades, as mesmas palavras, os mesmos sentimentos, tudo muito se repetindo, girando e girando e parando no mesmo lugar: um lugar meu – seu lugar seu. Claro que eu quero que esse hífen suma, que as partes se juntem e que eu pare de me atrapalhar toda quando na prateleira o manual mal escrito de como lidar com alguém cai no teu nome. Eu quero, lógico que quero. Enquanto isso tudo me rondava deitei-me com outra carne, igual a minha, foi incrível, excitante, mas a carne que gosto mesmo é a diferente, aquela que junta, completa e não aquela que se sobrepõe. Agora tenho que avisar a esta carne que minha carne está guardada para outra carne. Espero que uma entenda que o gosto que gosto é o mesmo de antes dela. Eu te cobri com uma cobertinha desenhada, de figurinhas de lápis de cor aquarelável que fizeram poças alegres enquanto você dorme e de tão cansado baba na coberta. Isso são suposições, claro, mas do jeito que você corre, você deve descansar e babar até. Mesmo. É, você é bonito; é, eu me atrapalho; é, você diz que eu sou um amor; é, eu sempre choro nos finais de filmes; é, eu agora sei dos dois lados; é, eu provavelmente pensarei em você por muito tempo. É, é sim. Assim.

Danielle Ribeiro.
Na última semana do ano, dia 28/12: "...eu, pessoalmente, só queria que você fosse real. Isso mesmo: real. Porque se tudo que existe estiver só na minha cabeça, eu não faço a mínima idéia de como mudar tudo sozinho." TEM ALGUÉM AÍ? FELIZ CONTINUIDADE... de Ulisses Figueiredo.

Um comentário:

  1. Dani... mais uma vez humanisticamente maravilhoooosa!!!
    Nós, enquanto seres tanto individuais quanto sociais, estamos amarrados com arames farpados a outras pessoas. Quantas vezes não nos vemos vivendo pelos outros... e até respirando por eles. Somos humanos!!!
    Amor... tesão... sexo... hedonismo!!!
    Que viva o Homem!!!
    Feliz Desnatal a todos...

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