Cruel?
Pensamentos existenciais são cruéis com a gente. Podemos nos perguntar porquê vivemos ou para onde vamos... que nem aquele comercial da TVFutura. E geralmente chegamos à conclusão de porra nenhuma. Acabamos por preferir o que mais nos convém para que possamos viver da melhor forma possível. A certeza de que vamos morrer nos leva a imaginar tanta coisa que acabamos nos desvirtuando do real. É cruel isso... se vamos morrer, qual o sentido de viver? Como disse: cruel... cruel conosco mesmos que precisamos desse tipo de resposta e abraçamos a quem nos dá. Mas mais cruel que isso é quando começamos a nos questionar não sobre a nossa existência, mas sobre a existência dos outros, ou melhor, de tudo a nossa volta. Vou explicar: pare agora e perceba tudo a sua volta. As paredes... as cores... o teclado... os sons... os cheiros... a temperatura. Agora siga meu raciocínio. Todas as cores que você está enxergando são provenientes da luz que está iluminando o ambiente aí. Elas apenas batem numa superfície que tem a característica de refleti-las em proporção devida. Nossos olhos, portanto, recebem tal informação, filtra e as envia a nosso cérebro. Então se a cor é da luz, qual é a cor verdadeira das coisas? Não há cor? E se esse filtro estiver defeituoso? O mesmo com o tato... se nossa pele recebe contato e o informa ao cérebro, o que acontece quando apresenta defeito total? No mais, se todos os meus sentidos deixassem de funcionar e enviar informação ao meu cérebro, o que me provaria que tudo a minha volta existe? Se essa existência exterior é dependente dos meus sentidos, desses filtros de informação, quem pode afirmar que tudo que você está vendo, sentindo, escutando e etc. não está sendo manipulado por alguém ou alguma coisa. Ou seja, nesse exato momento eu estou tentado a crer que você, que está lendo esse blog, não existe. É como no filme Matrix, ou no Mito da Caverna, de Platão. Nosso cérebro está indefeso e sujeito à manipulação. Você pode estar morrendo e sucumbindo num hospital bem no futuro e a tecnologia deles o faz acreditar que está vivendo isso só pra amenizar sua dor. Ou nosso universo morreu e nossa tecnologia criou tudo isso para continuarmos existindo...
Tá bom, parei.
Ulisses Figueiredo.
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