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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Carta

Vocês que hoje nos perseguem,
Também já foram perseguidos.
Vocês que hoje nos enganam,
Também já foram enganados.

Você que hoje nos lidera
Por caminhos já traçados,
Lembre que já viu a fera.
Se sentiu desesperado.

E seus olhos hoje cegos,
Enxergavam tudo às claras.
Seus ouvidos hoje são surdos
À vidas que lhe eram tão caras.

Não estamos seguros nos ares.
Não estamos seguros nos lares.
Não estamos seguros nas ruas.
Não nos defendemos nas urnas.

Atiram contra os homens.
Massacram as mulheres.
Sufocam as crianças.
Arrancam nossas peles.

Sustentam esperanças.
Alimentam ilusões.
Prometem a bonança,
Nos reservam furacões.

Se alimentam de sangue,
Sugam nossas veias.
Roubam nossos cofres,
Ignoram nossas leis.

Brincam com a verdade,
Zombam da justiça.
Perpetuam a maldade.
Vivem na cobiça.

Não estamos seguros nos ares.
Não estamos seguros nos lares.
Não estamos seguros nas ruas.
Não nos defendemos nas urnas.

Lançam gases tóxicos, sufocam o planeta.
Abrem um buraco na câmara de sobrevivência.
Hoje temos medo de raio ultravioleta.
E como é que viveremos com essa ultraviolência?

Como é que viveremos nessa grande decadência?
Cercados de líderes corruptos,mentirosos e covardes.
Empresários assassinos sem um pingo de decência.
Traficantes dominando nossas noites,dias e tardes.

Não estamos seguros nos ares.
Não estamos seguros nos lares.
Não estamos seguros nas ruas.
Não nos defendemos nas urnas.

Estão matando nosso povo.
Estão matando nosso orgulho.
Estão usando as mesmas armas,
Que ceifaram tantas vidas.

Fomos condenados à morte por motivos absurdos.
Fomos reduzidos à sorte de um velho moribundo.
E você que hoje é império
Não se esqueça que amanhã será minério.

Nada vai sobrar. É sério!


André Fraga.

Um comentário:

  1. Simplesmente GENIAL, André.....
    Foda.
    Espero que os seus leitores sintam a intensidade da mesma forma que senti.

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